9.7.17

Lidos: Junho (2017)

Junho foi um mês bem legal de leituras - um monte de leitura legal. Quase sempre mantenho o ritmo de seis livros por mês, o que eu acho bem alto pelo tempo que eu tenho. Mas vamos aos livros:



#34 | Smoke and Mirrors | Neil Gaiman | EN | ★★★★☆
Mrs Whitaker found the Holy Grail; it was under a fur coat.
Eu fiquei bem receosa de começar esse livro, visto que minha última experiencia com um livro do Gaiman foi bem ruim. Fiquei bastante surpresa por ver que esse é muito bom e inclusive inédito no Brasil.
Acho que os contos aqui tem uma pegada mais fantasiosa e mesmo os que são contemporâneos tem uma pitada de realismo mágico. Acho que todos os contos foram muito legais de ler, mesmo os que eu não gostei. A maioria do que não gostei são em formato de poesias e eu achei meio cansativo. Ainda assim não senti vontade de pular.
Uma velhinha que encontra o Santo Graal no meio de um brechó e não quer dar a um cavaleiro que buscou por ele a vida toda porque fica bonito como decoração de vovó (Chivalry), um anjo caído contando sua história como detetive do céu, um moço que odeia viagens caindo num vórtice com algumas criaturas estranhas (Murder Misteries), um escritor que está em Los Angeles para escrever um roteiro para uma adaptação de um de seus livros (The Goldfish Pool and Other Stories), uma história sobre um casal que recebe um presente de casamento peculiar (The Wedding Present), a busca por uma moça que tem sempre a mesma aparência (Looking for the Girl), uma pessoa que quer matar outra, mas descobre que é mais barato matar mais algumas num pacote (We Can Get Them for You Wholesale) são minhas preferidas.
Adoro como o Neil Gaiman mistura temas perturbadores com um humor que te faz pensar se você realmente poderia estar rindo sem ser uma pessoa horrível (provavelmente não).

#35 | Em Algum Lugar Nas EstrelasClare Vanderpool | PT | ★★★☆☆
(...) os desesperados, digamos, por aquilo que acham que procuram, normalmente estão bem longe do que de fato estão procurando. É verdade, também, que às vezes eles não estão procurando nada, mas fugindo de alguma coisa. 
(...) 
- Mas, em algum momento, aquilo de que eles fogem os persegue até não haver mais para onde fugir.
Sinto que talvez eu seja a ultima pessoa no mundo a ler esse livro.
A história segue Jack, um menino órfão de mãe que é levado para um internato pelo pai que voltou da guerra e não sabe como lidar com um filho quase estranho. Nessa escola, ele encontra Early, um menino estranho e abandonado depois da morte do pai e do irmão. O menino é estranho e cheio de manias, como organizar balas de goma de certa maneira para se acalmar ou pensar e ouvir algumas músicas em certos dias. E sua busca pelo Pi, o número irracional que segundo ele só está perdido.
A narrativa tem uma certa beleza e a mensagem é sim uma gracinha. Perceber que todos carregamos nossos fardos nem sempre é mais fácil que julgar e sentir pena de si mesmo.
Ainda assim eu não gostei muito da maneira como a história se encerrou. Eu achei que ela iria por uma linha muito mais realismo mágico com paralelos sobre a jornada dos meninos em busca do Pi e a própria história do Pi que Early diz que consegue ver nos números e toda a mensagem. Achei que o final foi forçar um pouco a barra e fez perder um pouco da mágica.
Mas no final das contas é uma história bonitinha.

#36 | The Well of AscentionBrandon Sanderson | EN | ★★★★★
"Yes, well," Elend said, "I kind of lost track of time..."
"For two hours?"
Elend nodded sheepishly. "There were books involved."
Sabe quando você lê 400 páginas e percebe que ainda falta metade do livro? Gente, fazia tempo que eu não lia um livro tão longo.
Não que isso seja um problema: a narrativa e a escrita do Brandon Sanderson são tão gostosas que fazem a gente nem perceber que já passaram tantas páginas.
Eu tive alguns problemas no começo do livro: eu já tinha lido o primeiro livro O Império Final fazia um tempo e ele possui muito vocabulário próprio do mundo e muitos personagens. Pra ajudar, eu ainda li em português, o que fez com que eu precisasse dar uma estudada nos termos de vez em quando para me lembrar de tudo.
Aqui continuamos um ano depois dos eventos do Império Final, aonde Elend está tentando fazer um governo justo pra todos em Luthadel. Já Vin esta preocupada em proteger seu rei de qualquer inimigo que apareça, que nesse caso são dois exércitos que chegam nos portões da cidade.
A gangue está formando planos para como ajudar na situação enquanto as brumas começam a aparentemente matar pessoas quando antes eram inofensivas.
Esse história me faz perceber o quão bem projetada ela foi antes de ser escrita. Eu gosto demais quando algum detalhe do primeiro livro da série é explicado lá pra frente e faz muito sentido. Meu lado de escritora fica super feliz com isso porque odeio quando as séries jogam um monte de pistas e depois não conseguem explicar.
Os personagens continuam humanos: com falhas porém amáveis.
Essa é uma série muito boa mesmo: tem ação, tem drama, tem romance, tem mistério, tem amizade, tem o pacote completo. E melhor de tudo é que o Brandon Sanderson não demora anos pra escrever as continuações (cof cof Patrick Rothfuss).



#37 | O Alquimista | Paulo Coelho | PT | ★★☆☆☆
- Estou vivo - disse ao rapaz, enquanto comia um prato de tâmaras na noite sem fogueiras e sem lua. - Enquanto estou comendo, não faço nada além de comer. Se estiver caminhando, apenas caminharei. Se tiver que lutar, será um dia tão bom para morrer como qualquer outro.
Paulo Coelho é o jiló da literatura brasileira. A maioria diz que não gosta, mas nunca leu. Eu sempre tive um certo preconceito com ele por causa disso, sempre achei que era bem ruim mesmo sem nunca ter lido uma página de sua escrita. Resolvi mudar essa situação lendo o livro mais famoso dele, O Alquimista.
O livro segue Santiago, um espanhol pastor de ovelhas que sai por ai buscando sua grande Lenda Pessoal. Apesar desse livro ser descrito como ficção, ele é um livro de auto-ajuda. E não é um bom livro de auto-ajuda, porque ele subestima a inteligencia do leitor e quer explicar tudo, sem deixar muito espaço para a reflexão, que na minha opinião é uma coisa boa da auto-ajuda.
Eu sinto que esse livro seria muito melhor se ele fosse uma ficção de verdade, com um arco narrativo bem construído, com personagens cativantes, com uma escrita boa. A história em si, o arco do personagem e as mensagens são bem válidas e interessantes - eu gostaria muito de ler uma história dessas, aonde eu torcesse pelo Santiago e pela sua jornada, aonde eu me apaixonasse por Fátima por ver o quão incrível ela era, mas tudo isso não mascara nem um pouco que aquele é um livro que quer te passar uma mensagem.
A escrita não ajuda também. O Paulo Coelho escreve diversas frases bonitas e coloca tudo junto e finge que isso é escrever um livro. Se você for olhar pelo lado "citacionável" da coisa, é um livro ótimo. Aliás, você pode tirar toda a história e só colocar as citações bonitas e motivacionais em tópicos e provavelmente perderia uns 10% do livro.
Eu sempre tento tirar algo das leituras, por mais que eu não goste. Nesse caso deu sim para refletir sobre algumas coisas, sobre o medo de seguir algo que você quer por causa dos obstáculos. Mas não me inspirou.
Não sei se tentarei ler algo do meu quase xará de sobrenome novamente. As vezes as pessoas realmente não gostam de jiló.

#38 | Histórias de Sherlock Holmes | Arthur Conan Doyle | PT | ★★★★☆
Foi numa tarde de domingo no início de setembro no ano de 1903 que recebi uma das mensagens lacônicas de Holmes:
Venha já se conveniente - se inconveniente venha também.
S. H.
Eu amo essa coleção da Zahar de clássicos de bolso e quero ter todos, mas ainda não li os que tenho em casa, então resolvi ler todos antes de continuar a coleção.
Esse é um livro de várias histórias do Holmes, os últimos casos dele, inclusive. O livro reúne 12 casos resolvidos dele junto com seu companheiro, Watson.
Sempre que eu leio os livros do Sherlock Holmes eu me impressiono com como a personalidade do Sherlock dos livros é completamente diferente das adaptações (tv, filmes, enfim). Enquanto as adaptações quase sempre mostram um Sherlock  rude, arrogante, cheio de si, o Sherlock dos livros é um recluso e um pouco estranho, mas nunca é uma pessoa ruim com as outras ou sem educação.
O John Watson também é bem diferente nos dois casos: quase sempre ele é retratado como incapaz, mas de bom coração, enquanto nos livros ele é um ajudante de verdade do Sherlock, mesmo não entendendo sempre a linha de raciocínio dele.
Os dois tem respeito um pelo outro e são muito amigos. Em um dos contos o Watson é ferido e o Sherlock fica em pânico, mostrando quanto realmente se importa com o companheiro. Não que as mudanças sejam uma coisa ruim, mas elas são tão diferentes que sempre que eu volto para o Sherlock da literatura eu tomo esse pequeno susto.

#39 | As Duas Torres | J. R. R. Tolkien PT | ★★★★☆
- Quando é que fui apressado ou descuidado, eu que esperei e me preparei por tantos longos anos? - disse Aragorn.
- Nunca ainda. Então não tropece no final da estrada - respondeu Gandalf.
Voltando para minha leitura do Senhor dos Anéis, comecei o livro As Duas Torres, o segundo da trilogia.
Até voltei atrás pra ver como foi minha reação a ler o primeiro livro e acho que nada mudou muito. A escrita do Tolkien continua sendo algo que me incomoda muito. Percebi que a diagramação da edição que eu tenho também não contribui. A história é interessante, agora Boromir morre e a comitiva se separa.
Na primeira parte acompanhamos a comitiva separadamente: Aragorn, Gimli e Legolas estão seguindo os orcs que os atacaram e levam de refém seus amigos, Pippin e Merry. Os dois passam por vários problemas com os orcs que tem ordens de levar os hobbits para Saruman.
A história do Tolkien - do Senhor dos Anéis pelo menos - me lembra uma estrada com vários caminhos saindo dela e quando você está caminhando pela estrada você saí dela um pouco, vê o que tem no caminho e então volta. Nem sempre ele se relaciona diretamente (ou de qualquer maneira) com a história principal. O que pode fazer você perder um pouco a paciência na hora da leitura.
Na segunda parte vemos o Frodo e o Sam, rumando para Mordor por um caminho que eles não conhecem e arrumando um guia bem inesperado - Gollum (ou Smeagol).
Lendo o livro eu só conseguia pensar que tinha muito mais por trás daquilo tudo do que eu estava entendendo. De fato toda a mitologia que o Tolkien construiu é muito rica, cheia de simbolismos que nem sempre dá pra pegar se você não pensar bastante sobre aquilo ou ler algum texto de apoio.

Um comentário

  1. Atrasadíssima pra comentar nesse post mas VAMULÁ: como sempre, quero ter seu ritmo de leituras quando crescer!!! As Duas Torres é meu preferido da trilogia (embora eu deva dizer que nunca terminei o Retorno do Rei, risos, exatamente por conta disso que você falou). Acho que do Sherlock Holmes só li um livro até hoje, mas ganhei aquele box dele de aniversário e to ansiosa pra começar :DD
    E você não é a última pessoa a ler Em Algum Lugar nas Estrelas, ainda to aqui. Sou muito vendida pros livros da darkside por causa das capas maravilhosas, mas ao mesmo tempo isso me deixa com o pé atras HAHAAAH. Depois da sua opinião, acho que vou procrastinar a leitura dele um pouquinho mais
    :***

    ResponderExcluir

Latest Instagrams

© e agora, Natalia?. Design by FCD.